Polyamory as a gendered experience: Portuguese women talk about non-monogamies and discrimination
Polyamory emerged as an identity in the early nineties, and non-monogamous people face social discrimination, especially women. This exploratory study analyses how Portuguese non-monogamous women talk about discrimination and how they cope with how society seeks to frame women’s agency as problematic both by its supposed inexistence and excess.
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10-06-2016 |
Poliamor numa perspectiva genderizada – Discriminação e preconceitos na voz de mulheres em não-monogamias consensuais
O poliamor surge nos anos 90 do século XX como uma identidade associada a um conjunto de práticas de não-monogamia consensuais. Visto numa perspectiva alargada, as pessoas poliamorosas vivem fora do “círculo encantado” aceitável que Gayle Rubin (2007) articulou. Porém, e graças à genderização por detrás do ‘duplo padrão sexual’, o género tem uma forte componente na forma como a transgressão da mono-normatividade afecta a vida das pessoas poliamorosas.
Estes impactos são variados, e cruzam tanto o questionamento das masculinidades hegemónicas e validação de posturas de maior equidade de género (Cascais & Cardoso, 2012; Sheff, 2005), como também a rearticulação de novas hegemonias, masculinidade e desequilíbrios nas relações de poder em contexto de intimidade (Sheff, 2006).
O corpus de investigação sobre as atitudes sociais face ao poliamor têm vindo a crescer nos últimos anos, e confirmam a existência de discriminação contra pessoas poliamorosas (e.g.: Grunt-Mejer & Campbell, 2015; Hutzler, Giuliano, Herselman, & Johnson, 2015; Johnson, Giuliano, Herselman, & Hutzler, 2015), inclusive por entre a comunidade LGBT (Cardoso, 2014).
O presente estudo exploratório parte de um inquérito por questionário aberto, disseminado por entre a comunidade poliamorosa portuguesa via bola de neve nas redes sociais. Apresentamos um recorte dos resultados, a partir das respostas dadas por pessoas auto-identificadas enquanto mulheres e/ou no espectro de feminilidade, sobre as suas experiências de discriminação, as suas percepções sobre as normas sociais genderizadas vigentes no que diz respeito a não-monogamias consensuais e as suas estratégias de gestão dessas experiências. A partir dos relatos dados, é possível entender que há uma intensa gestão de conflitos entre família, amizades e relacionamentos íntimos, e a percepção do sexismo como algo constante nas suas vidas. Um elemento central é a condenação do agenciamento feminino, expresso no tropo da mulher poliamorosa ludibriada, e no da mulher poliamorosa hipersexual.
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26-05-2016 |